sexta-feira, 11 de julho de 2014

dona (leia ouvindo a música do post abaixo)

Ana Maria adora ser dona de casa. Ainda mais porque pode sair de camisola larga florida pelas ruas de sua cidade. Cabelos despenteados, arrepiados, enrolados em bobes velhos e azuis sem graça. Ela sai sorridente com aqueles olhos esbugalhados e cansados, olheiras do cansaço do marido mal amado. Ana Maria dança e balança fazendo ondas na camisola, sem medo de mostrar as coxas moles, suas celulites e estrias. Sente orgulho de nunca ter praticado exercícios. Ela não precisa, pois sai dançando, levando frutas e carnes, carregando pesos descomunais junto com seu mal estar astral. Passa a vassoura em tudo, Ana Maria. Ela se orgulha de ser uma radical. Ela dança sua liberdade, sua felicidade de ter rugas na cara. Muita sabedoria Ana Maria tem. Pariu três filhos. Só um ser superior poderia criar três máquinas perfeitas gordas, rosadas e saudáveis como ela fez. Eu, particularmente, lhe daria um prêmio. Porque, uma mulher assim, merece ser reconhecida pelos seus esforços. E se seus filhos não forem gratos e o marido não a respeitar, juro que tenho ganas de matar!

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